Iata estima alta de 13% na demanda por transporte aéreo de carga em 2021
O transporte de carga via modal aéreo, que tem sido uma sustentação importante às companhias aéreas neste momento de crise, deve apresentar crescimento na demanda (medida em toneladas de carga por quilômetro, ou CTK) de 13,1% neste ano na comparação com 2020, de acordo com a Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata).
Segundo Brian Pierce, economista-chefe da Iata, o setor tem encontrado suporte sobretudo no segmento de e-commerce e no transporte de medicamentos. Com o mercado de transporte de passageiros em xeque, as aéreas dependem cada vez mais do transporte de carga para sobreviver. Pierce destacou a estimativa de crescimento no comércio global de 8% em 2021
Levantamento da Iata apontou que o setor de carga representava algo entre 10% e 15% das receitas das aéreas antes da crise. No ano passado, o porcentual foi para 35%.
A estimativa da associação é de uma leve normalização neste ano. Mesmo assim, o setor de carga deve representar algo perto de 30% das receitas totais das companhias. Questionado, Pierce disse que a participação da receita de carga nas aéreas tende a voltar ao que era antes da crise, mas que a retomada será lenta na medida em que cresce o transporte de passageiros.
Com a menor oferta de aviões para o transporte de passageiros, caiu também a capacidade para o transporte de carga. Este cenário, explicou Pierce, colaborou para que métricas como ocupação e rendimento de carga apresentem níveis bastante elevados. Contas da Iata mostram que o fator de ocupação está cerca de 10 pontos porcentuais maior do que os níveis pré-crise.
“Esses avanços refletem a falta de capacidade. Acho que o desempenho dos dois [rendimento e ocupação] são temporários”, disse o economista-chefe da Iata. No geral, a capacidade hoje está 14% abaixo do que costumava ser antes da crise.
O diretor-geral da Iata, Willie Walsh, também destacou o bom desempenho do setor de carga, que deve continuar no curto prazo, mas disse, no geral, que 2021 ainda será ser um ano terrível para as empresas aéreas.
“Há sinais de que existe demanda no mundo. O ano de 2020 foi muito difícil e 2021 ainda é desafiador, não no mesmo nível. Vemos um cenário de melhora com a vacinação.
Saímos do modelo de sobrevivência nos últimos 15 meses para o modo de reconstrução”, avaliou.
Walsh disse que um dos principais esforços da associação será elevar a digitalização no setor de transporte de carga, que está atrás do braço de passageiros.
Segundo ele, a digitalização traz muita eficiência ao prover dados aos operadores e companhias, o que pode ser convertido em uma melhor análise de toda a cadeia.
“Não tem sido fácil para as aéreas. Foi muito importante as aéreas terem conseguido mostrar sua flexibilidade ao ampliar a capacidade de transporte de carga para ajudar na pandemia”, afirmou.
O modal aéreo assumiu papel protagonista nesta crise ao prover soluções para o transporte de itens médicos e vacinas em regiões remotas. No Brasil, por exemplo, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) costurou uma malha essencial que foi mantida mesmo nos períodos mais graves da crise para evitar que regiões ficassem ilhadas.